Em que encruzilhada Maria Bethânia e José Inácio Vieira de Melo se encontram no novo livro de Igor Fagundes?
Ele, o sertão na poesia.
Ela, o rio, a chuva e o mar em seus discos que cantam as águas.
Ele, um Ulisses rumando a uma Ítaca no interior da Bahia.
Ela, o canto das sereias no Porto Inseguro das baías.
Ele, o poeta que canta a odisseia pelo humano.
Ela, a arte da musa, a música, o sagrado se fazendo mundano.
Ele, o sertão se ofertando miragem do terreiro.
Ela, o rio, a chuva e o mar se chamando Oxum, Iansã, Iemanjá.
Ele, um José Inácio, ignácio, no ígneo de Exu.
Ela, uma Maria Bethânia, Mulambo, Farrapo, Padilha
dando passagem aos orixás.
Ele sou eu, no terreiro-sertão, possuído por
Ela, a entidade, o ente que revela o Ser.
Entre ele e ela, o Ocidente entrará em transe.
Outros poetas e línguas, todos os deuses estarão em trânsito.
Uma publicação da Editora Penalux. Lançamento 20 de julho do livro e filme, no Centro Cultural Justiça Federal, Av. Rio Branco, 241, Rio de Janeiro, das 18h às 21h.
MARIA BETHÂNIA
Garimpeira da beleza te achei na beira de você me achar
Me agarra na cintura, me segura e jura que não vai soltar
E vem me bebendo toda, me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meus seios, mar partindo ao meio, não vou esquecer.
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Eu que não sei quase nada do mar
descobri que não sei nada de mim
OS DOIS JUNTOS
Clara noite rara nos levando além da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Me agarrei em seus cabelos, sua boca quente pra não me afogar
Tua língua correnteza lambe minhas pernas como faz o mar
MARIA BETHÂNIA
E vem me bebendo toda me deixando tonta de tanto prazer
Navegando nos meus seios, mar partindo ao meio, não vou esquecer
JOSÉ INÁCIO VIEIRA DE MELO
Eu que não sei quase nada do mar
descobri que não sei nada de mim
OS DOIS JUNTOS
Clara noite rara nos levando além da arrebentação
Já não tenho medo de saber quem somos na escuridão